terça-feira, 8 de junho de 2010

Miss LSD

Mudanças cruciais ocorreram na música a partir de adventos que ocorreram nos sixties, tanto nos redutos intelectuais como em circuitos mais underground, ao redor do globo. O LSD (Lysergic Acid Diethylamide) começou a circular no meio da década de 60 trazendo evolução à música e modificando sua estrutura. Tais trasformações elevou o rock que passa a ser visto como arte. Junto desse aditivo surgem novas técnicas de gravação nos estúdios e discos que até hoje influenciam as pessoas.

Algumas canções embebidas em ácido:

The Crystal Ship The Doors (1966)
O público ficou atordoado com o grau de expansão sensorial alcançado pelos Doors em “The Crystal Ship”. Além de trazer uma bela melodia, o tema foi baseado na mitologia celta do famoso Book of the Dun Cow. O próprio nome da banda foi inpirado no livro “As Portas da Percepção” de Aldous Huxley, em que narra experiências alucinógenas.

I Feel Free Cream (1966)

Eric Clapton nos tempos do Cream

Bastava conferir a piração de improvisos do power trio no palco. Em estúdio a paixão pelo LSD ficou evidente em alguns temas, especialmente no segundo disco, Disraeli Gears. A composição de Jack Bruce, “We're Going Wrong”, é um exemplo. Porém foi com uma música do primeiro disco (Fresh Cream) que o trio inglês chegou as paradas sentindo a liberdade de trazer ao público todos os seus sonhos ácidos, visões e pesadelos da psicodelia.

Good Vibrations The Beach Boys(1966)

 

O perfeccionista Brian Wilson durante as gravações de Pet Sounds

Os arranjos perfeitos de Mr. Brian Wilson no disco Pet Sounds modificou toda a música pop. 
Nesse trabalho, ele teceu camadas elaboradas de harmonias vocais, juntamente com efeitos de som e instrumentos não-convencionais, como sinos de bicicleta, órgãos, cravos, flautas e teremim.
A mente genial e perfeccionista de Brian Wilson e um pouco de ácido, trouxe em forma de sinfonia e doces “viagens” um dos álbuns mais importantes de toda a história da música e colocou de Beatles à Rolling Stones literalmente de quatro.

Tomorrow Never Knows The Beatles (1966)
Lennon queria que sua voz soasse como a de Dalai Lama pregando do alto do Himalaia. Encarregou o produtor George Martin para a missão, que passou a voz de Lennon por uma caixa enquanto ele recitava palavras do 'Livro Tibetano dos Mortos'. Totalmente à frente de seu tempo com guitarras gravadas de trás para a frente nos tapes e loops, som comprimido de bateria e teclados em momentos estratégicos. O álbum Revolver ainda traz 'Doctor Robert' o dentista responsável por colocar ácido na xícara de café dos Beatles.

Astronomy Domine Pink Floyd (1967)
Pink Floyd: The Piper at the Gates of Dawn com o mentor Syd Barrett

'Astronomy Domine' abre a obra prima do Floyd, primeiro e derradeiro disco de Syd Barret gravado com a banda que fundou, The Piper at the Gates of Dawn pode ser considerado uma das peças mais anti-comerciais da história. Frases sem muito sentido, progressões melódicas absurdas, solos dissonantes e o clima constante de angústia. O álbum de estréia do Floyd assustou os engravatados da Capitol, gravadora norte-americana. Quatro minutos e um pouca do que passava na mente de Syd que depois viria a pagar o preço pelo consumo deliberado de LSD. Syd Barret foi talvez uma das maiores vítimas do ácido dos anos 60.

Purple Haze The Jimi Hendrix Experience (1967)

Estréia em disco do The Jimi Hendrix Experience

Em 1967, dava pra perceber que as coisas estavam mudando, 'Purple Haze' ('névoa púrpura') era o nome de um bom ácido, mesmo com a letra explicita, a música foi vinculada em várias rádios modificando padrões e chocando o mais conservadores. Segundo Pete Townshend do Who, um dos guitarristas mais reverenciado da época, ligou para seu amigo Eric Clapton após ouvir pela primeira vez o The Experience, lhe dizendo que 'ficariam sem seus empregos' tamanho o impacto que o jovem Jimi causou.

2000 Lights Years From Home The Rolling Stones (1967)

The Rolling Stones em 1967

Em 1966, os Stones já traziam um som experimental em Aftermath, mas o ápice veio em seguida com o álbum Their Satanic Majesties Request. Obra repleta de inovações, orquestrações, batidas, efeitos de eco e overdubs. “2000 Lights Years From Home” foi composta por Jagger na prisão em Brixton, por posse de drogas. Destaque para o telepático mellotron tocado por Brian Jones.

White Rabbit The Jefferson Airplane (1967)

Jefferson Airplane

O The Jefferson Airplane era uma das bandas queridinhas dos hippies de São Francisco ou 'Frisco', para os mais íntimos, nos fins de 1967 e tinha uma angelical vocalista à frente da banda, cantando versos como: “Uma pílula faz você ficar maior/ Outra faz você ficar menor/ E todas as pílulas que sua mãe te oferece/ Não fazem nada disso...” e ainda “Feed Your Head” (alimente seu cérebro!). “White Rabbit” é exemplo de como musicar uma viagem. Grace Slick tomava LSD e ficava ouvindo por horas a fio o álbum Sketches of Spain, de Miles Davis. Daí a idéia de transformar o andamento da música em um bolero e a melodia vocal com elementos orientais. Se tornou hino de protesto contra a guerra do Vietnã e um momento psicodélico sublime na história do rock.

In-A-Gadda-Da-Vida Iron Butterfly (1968)
O Iron butterfly era sinônimo de muitas experiências lisérgicas e muitas viraram gravações. Com o LSD em alta, 'In-A-Gadda-Da-Vida' se tornou um hit mundial com formato totalmente anti-comercial. Ao longo de 17 minutos de duração com solo de bateria e sons imitando animais. Segundo o guitarrista Erik Brann o tema foi inspirado em uma missa negra africana chamada “Missa Luba”.

We Will Fall  The Stooges (1969)

 The Stooges, foto de divulgação do primeiro álbum de 1969
Fim do verão do amor e da década de 60, trouxe ódio e falta de perspetiva. “We Will Fall” é a trilha definitiva das “bad-trips” em um mantra que se arrasta por mais de 10 minutos. Em 1969 essa faixa tenebrosa parece perfeita para o fim daquela era marcada pela guerra do Vietnã e conflitos raciais na América. 

Tecnicolor Mutantes (1971)
Os Mutantes

Apesar da banda utilizar de experiências psicodélicas desde os dois primeiros álbuns, foi na viagem a Paris, em 1970, que o LSD começou a fazer parte do dia a dia da trupe. Lá gravaram o álbum Tecnicolor, com versões para antigos clássicos em inglês, que permaneceu inédito até 2000. No entanto a música “Tecnicolor" acabou saindo no disco de 1971, Jardim Elétrico. Depois, já sem Rita Lee nos vocais, fariam um disco inteiro influenciado pelo LSD (A e o Z) descaracterizando a banda com um som progressivo que imperava na época.
Maggot Brain Funkadelic (1971)
Pessimismo anti flower-power, era barra pesada ser negro nos EUA de 1971, mesmo com musicos como Sly Stone e Marvin Gaye fazendo sucesso. Apesar de intrumental, “Maggiot Brain” diz muito! A guitarra de Eddie Hazel era mais que suficiente para tamanho feito. Com seus mais de 10 minutos mergulhado em ácido, paranóia e medo. O vocalista, George Clinton chegou para Hazel ( já com sua cabeça em Marte) e sussurrou no ouvido dele: “Toque como se sua mãe tivesse acabado de morrer!” Foi só colocar a fita pra rolar...

Outras pérolas lisérgicas:
A Girl Named Sandoz Eric Burdon and the New Animals (1967)
Sunshine Superman Donovan (1966)
Roller Coasters 13th Floor Elevators (1966)
Dark Stars the Grateful Dead (1969)
Section 43 Country Joe and the Fish (1966)
Eight Miles High The Byrds (1966)
Itchycoo Park The Small Faces (1966)
I Can See for Miles The Who (1967)

2 comentários:

  1. No alto aonde eu estarei
    Fitando o azul beber o mar
    Quando o rock me almoçou eu percebi
    Aonde eu deveria estar

    A-M-O-UUUUUU essa vertente acidulante

    vc conhece cinturão de fogo? kkkk

    morro de ri!

    adoro vir aqui, um beijo pra ti!

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  2. Cinturão de fogo? é uma música, não é? mas nunca ouvi!
    Outro beijo!

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