segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Yes, We Can

Yes, He Can(nabis), Barack Obama em momento "relax"

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Último Desejo


Ùltimo Desejo
(Noel Rosa)

Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João

Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão

Perto de você me calo
Tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar

Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar

Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação

Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim
Que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim

sexta-feira, 1 de abril de 2011

It's All True 2011

Apesar da falta de salas de cinema no país acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro de 31 de março á 10 de Abril o Décimo Sexto Festival de Documentários É Tudo Verdade (It's All True), teve na sessão de abertura o filme 'The Black Power Mixtape' de Göran Huho Olsson.


The Black Power Mixtape
Um tesouro em 16 mm, filmado pela televisão sueca, acompanhando o auge do Movimento Negro nos EUA entre os anos 60 e 70 e que ficou em arquivo por 30 anos é a base deste documentário. Figuras-chave como Martin Luther King, Stokely Carmichael, Bobby Seale, Eldridge Cleaver, Huey P. Newton, Angela Davis e outros povoam estas imagens, comentadas no filme por diferentes gerações – como a própria Angela Davis, Harry Belafonte, Sonia Sanchez, Erykah Badu, Talib Kweili e John Forte. Ao mesmo tempo que se reexamina capítulos cruciais da luta pelos direitos civis, as manifestações pela não-violência de Luther King e a postura mais incisiva dos Panteras Negras, os observadores de hoje procuram fazer um balanço da importância, dos efeitos e das decepções de um rico momento social, político e cultural captado por um olhar externo.
www.itsalltrue.com.br/

terça-feira, 22 de março de 2011

O Idiota

Foto tirada por David Bowie em Berlim, após Bowie ficar admirado com uma pintura chamada Roquairol, de Erich Heckel.

O exílio químico de David Bowie e Iggy Pop em Berlim nos fins dos anos 70 rendera bons frutos. Trouxe o inspirado álbum chamado The Idiot (1977), com título chupado de um dos romances clássicos de Dostoiévski, e estréia solo de Iggy, no mesmo ano em que o punk tomava forma e força.
Apesar da atmosfera densa com a voz de Iggy mais grave e cinematográfica o som não perde a agressividade característica do Iguana. Toda a direção fica por conta de David Bowie que tocou vários instrumentos, compôs e dirigiu os vocais. É um dos melhores trampos de Iggy que, junto aos discos de Bowie da mesma época, influenciariam toda a década seguinte.
No disco não faltam clássicos, “Funtime”, Nigtclubbing”, “China Girl” e a soturna “Mass Production”. “TinnY Girl”, trilha sonora perfeita, quase perfeita, de separações amorosas.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A mulher com o leque

(A mulher com o leque, 1768 - Alexander Roslin, Museu Nacional de Estocolmo).

Alexander Roslin, pintor sueco (Malmö 1718 – Paris 1793). Viveu na Itália, depois estabeleceu-se em Paris (1752), onde se casou com a desenhista Marie Suzanne Giroust e fez carreira como retratista.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cânhamo: primeira parte


O cânhamo está na ordem do dia. Os últimos anos transformaram rapidamente a idéia de uma moderna indústria do cânhamo de fantasia em realidade. A presença física de tecido, papel, materiais de construção e produtos de óleo de sementes do cânhamo produziu enorme impacto no imaginário social. Talvez, mais ainda que a informação sobre a importância da planta no passado, essa tenha sido a semente da revitalização do cânhamo.
Desde a década de 1930 tem havido um esforço para doutrinar as pessoas, impondo-lhes a crença de que o cânhamo não passa de uma praga maligna “com raízes no inferno”, mas quando lhes mostram uma camisa que parece linho e dizem que é feita do caule da mesma planta que produz a maconha, uma profunda alteração de consciência tem início. Sobrevém a compreensão de que o cânhamo não é uma “droga” mortal, mas simplesmente uma planta possuidora de uma longa e notável história de serviços à humanidade.
É significativo que essa consciência esteja florescendo quando ainda vive uma geração que se lembra das primeiras décadas do século XX, época em que o cânhamo era cultivado nas terras da família, uma geração que conhece a textura e o sabor de um velho conhecido, quando o sentem ou o experimentam. Os plantadores do cânhamo dos velhos tempos e seus filhos ainda estão por aí para atestar a existência e o valor do cânhamo industrial.

(Henry Ford e o carro feito com a resistente fibra de cânhamo em 1941)

Foi só uma questão de tempo antes que os empresários de diversos países passassem a importar produtos feitos de cânhamo. Nos Estados Unidos, onde esse movimento teve muita força, os únicos produtos do cânhamo disponíveis em meados de 1987 eram cordão húngaro, alguns papéis especiais como papéis para cigarros e sementes esterilizadas para pássaros. No Brasil, nem mesmo esse material encontra-se disponível na atualidade. Em 1989, um grupo chamado Business Alliance for Commerce in Hemp (BACH) descobriu e publicou normas referentes á importação do cânhamo pela Alfandega dos Estados Unidos, que excluem especialmente o caule e a semente esterilizada, tornando legal o comércio desses itens importados. Em meados de 1989, a organização já havia produzido vários textos incentivando empresários do cânhamo a se lançar nos negócios e dando-lhes as ferramentas para tanto. A educação teve uma grande importância na estrategia de marketing inicial, e panfletos da BACH, como “Os muitos usos do cânhamo”, foram distribuídos por toda parte por seus representantes. O foco recaía sobre as vantagens ambientais e econômicas do uso do cânhamo na produção de fibra, alimento e combustível.
O Grande Livro da Cannabis

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Big brother Father´s

(George Orwell 1903-1950, autor do profético e brutal 1984, um dos maiores clássicos da literatura mundial e criador do termo Big Brother)

“Todas as crenças, hábitos, gostos, emoções e atitudes mentais que caracterizam a nossa época são realmente destinadas a sustentar a mística do Partido e impedir que se perceba a verdadeira natureza da sociedade atual. A rebelião física não é possível no momento, nem qualquer preliminar de rebelião. Dos proletários nada há a temer. Entregues a si mesmos, continuarão, de geração em geração e de século em século, trabalhando, procriando e morrendo, não apenas sem qualquer impulso de rebeldia, como sem capacidade de descobrir que o mundo poderia ser diferente do que é. Só poderiam ficar mais perigosos se o progresso da técnica industrial tornasse necessário educá-los mais; porém; como a rivalidade militar e comercial não tem mais importância, declina o nível de educação popular. As opiniões de massas, ou a ausência dessas opiniões, são alvo da máxima indiferença. Não é possível dar-lhes liberdade intelectual porque não possuem intelecto. Num membro do Partido, por outro lado, não se pode tolerar nem o menor desvio de opinião a respeito do assunto menos importante.”
Trecho do romance 1984 de George Orwell

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O período em que os universos da poesia, do rock and roll, da arte e do sexo entravam em colisão

Primeiro disco de Patti Smith, Horses (1975)

Encontrara alívio em Arthur Rimbaud, com quem havia deparado em uma banca de livros do outro lado da rodoviária de Filadélfia quando tinha dezesseis anos. Seu olhar arrogante me encarou na capa de Illuminations. Ele possuia uma inteligência irreverente que me acendera, e tomei-o por um compatriota, um parente, e até um amor secreto. Sem ter os 99 centavos para comprar o livro, surrupiei-o.
Rimbaud tinha as chaves para uma linguagem mística que devorei mesmo sem ainda ser capaz de decifrar. Meu amor não correspondido por ele era tão real para mim quanto qualquer coisa que eu já houvesse experimentado. Na gráfica onde eu trabalhara com um grupo de mulheres duras e analfabetas, fui perseguida por causa dele. Desconfiando que eu fosse comunista por ler um livro em língua estrangeira, elas me ameaçaram no banheiro, incitando-me a denuncia-lo. Ele se tornou meu arcanjo, livrando-me dos horrores mundanos da vida fabril. Suas mãos haviam esculpido um manual do céu e nelas rapidamente me agarrei. Conhecê-lo trouxera insolência aos meus passos e isso não podia ser tirado de mim. Joguei meu exemplar de Illuminations em uma mala xadrez. Nós fugiríamos juntos.
(Patti Smith)

A performer e poeta Patti Smith nasceu em 1946, em Chicago. Seu disco Horses (1975), tido como precursor do punk, foi considerado pela revista Time um dos cem melhores álbuns de todos os tempos. Patti também publicou livros de poesia como Babel e Auguries of Innocence. Em 1973, expôs seus desenhos pela primeira vez, e, em 2008, a Fundação Cartier de Paris apresentou uma grande mostra da artista.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Amorica


Amorica (1994), terceiro disco dos Black Crowes, é um dos melhores e mais originais momentos do blues/rock dos 90's, e, de quebra, ainda traz a formação clássica da banda com o excelente Marc Ford nas guitarras e Eddie Harsch nos teclados.
Curtido em psicodelia, belas melodias, guitarras e percussões afro, Amorica soa como uivo já nas primeiras faixas, 'A Consiracy' e 'High head blues'; clima estradeiro total em 'Wiser Time' e 'Nonfiction'. Seguida de uma bafora sugestiva 'Cursed Diamonds', balada onde se destacam os vocais de Chris Robinson e os sofisticados arranjos de seu irmão Rich Robinson, um dos pontos altos do disco que encerra em grande estilo com a instrumental 'Sunday Night Buttermilk Waltz', country/ blues rock com violão e viola executados pela dupla de guitarristas impecável Rich Robinson e Marc Ford.

da esquerda pra direita;(os irmãos Rich e Chris Robinson e, o guitarrista, Marc Ford gravando os vocais em 93).

A famosa e polêmica capa onde expõem a silhueta de uma modelo de biquíni é CENSURADA no mega mercado, E.U.A, mesmo assim o álbum chega ao Top 10 das paradas americanas. O belíssimo trabalho de arte (capa/ encarte) é assinado por Chris Robinson e Janet Levinson, vem cheio de referências a festas, antigas deusas da Babilônia, papoula e outras plantas, amor e, principalmente, busca na figura feminina uma semi-deusa.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Stevie Ray Vaughn

Stevie Ray Vaughn, falecido precocemente aos 35 anos

No último dia 27 de agosto (segunda-feira), foi a data de 20 anos da morte de Stevie Ray Vaughn, em decorrência de um acidente de helicóptero após participar de um show em Wisconsin, Estados Unidos, com outras lendas do blues: Eric Clapton, Buddy Guy, Robert Cray e o seu irmão mais velho, Jimmy Vaughan.  
Stevie gostava de guitarras espessas e cordas pesadas 0.13mm. Tocava meio tom abaixo, (Eb) mi bemol e ocupa seu lugar entre os melhores e mais influentes em seu ofício.
Gravou o aclamado disco de estréia Texas Flood, em 1983, que o tirou do anonimato e é o disco de blues mais popular dos últimos vinte anos. Cultivou parcerias, biritas e muitos shows e bons discos como In Step, de 1988, que lhe rendeu um Grammy.
As primeiras gravações do texano que ouvi eram de sessões acústicas, só viola e voz, blues chapado, pesado e selvagem!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Epígrafe para um Livro Condenado

O VENENO
Sabe o vinho vestir o ambiente mais espúrio
Com seu luxo prodigioso,
E engendra mais de um pórtico miraculoso
No ouro de um vapor purpúreo,
Como um sol que se põe no ocaso nebuloso.

O ópio dilata o que contornos não tem mais,
Aprofunda o ilimitado,
Alonga o tempo, escava a volúpia e o pecado,
E de prazeres sensuais
Enche a alma para além do que conter lhe é dado.

Mas nada disso vale o veneno que escorre
De teu verde olhar perverso,
Laguna onde minha alma se mira ao inverso...
E meu sonho logo acorre
Para saciar-se nesse abismo em fel imerso.

Nada disso se iguala ao prodígio sombrio
Da tua saliva forte,
Que a alma me impele ao esquecimento num transporte,
E, carreando o desvario,
Desfalecida a arrasta até os umbrais da morte!

EPÍGRAFE PARA UM LIVRO CONDENADO
Leitor pacífico e bucólico,
Homem de bem, austero e lhano,
Joga fora este saturniano
Livro, orgíaco e melancólico.

Se não herdaste o dom hipnótico
De Satã, o astuto decano,
Irias ler-me por engano,
Ou me terias por neurótico.

Mas se, sem teus olhos piscar,
Do abismo os horrores conheces,
Lê-me afinal que me hás de amar;

Alma curiosa que padeces
E buscas no éden teu abrigo,
Tem dó de mim... Ou te maldigo!

"As Flores do Mal", Charles Baudelaire (1821 - 1867), foi um dos precursores do simbolismo

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Legs and Boots

Legs and Boots...


Legs and Boots...

domingo, 29 de agosto de 2010

The Year Punk Broke


Seria heresia afirmar nos dias de hoje que uma banda de rock simples e sujo, mesmo com boas letras, iria desbancar das paradas artistas como Beyoncé ou Lady Gaga. 
No entanto, foi o que aconteceu no começo dos anos 90 quando o, até então pouco conhecido, Nirvana colocou no mercado seu segundo disco Nevermind obrigando que os grandes barões de gravadoras repensassem tudo o que vinham trabalhando nos últimos anos e colocar a seguinte questão: "Como uma banda acostumada a tocar em pequenos nichos, espeluncas e clubes cheirando a mijo, iria destronar o rei do pop do topo das paradas de sucesso (no caso, o disco Dangerous do Michael Jackson) e ser aclamada pelo melhor e pior da imprensa e público?" Nevermind, vendeu algo em torno de 26 milhões de cópias e, mesmo lançado há 19 anos, continua sendo um dos trabalhos mais influentes do cenário musical. 

Nirvana Nevermind, 1991
O ano de 1991 marcou uma retomada de valores na música que estavam esquecidos e ignorados pela mídia fazia um bom tempo. A nova década parecia fadada ao lixo mais comercial e despretensioso de idéias e atitude possível, principalmente no rock, com toda super produção de venda da imagem enfiada goela abaixo. Entretanto, através de um pequeno esquema de divulgação local em Seatle (principalmente pelo selo da Sub Pop) bandas de garagem com sonoridade e agressividade necessárias do punk/ hardcore, ao mesmo tempo com lirismo característico das bandas dos anos 60 e excelentes melodias, começam a chamar à atenção. Eram apenas jovens fazendo música por farra e teimosia, cansados do som proposto na época e trazendo de volta o espírito do it yourself (faça você mesmo) e a sonoridade condizente com a situação. Imediatamente o mercado enxergou o potencial comercial dessa geração e logo fodeu com tudo ao injetar milhões na tentativa de domestica-los em favor da indústria e do mainstream.

 Kurt Cobain on stage in the Reading Festival, 1991
1991: The Year Punk Broke, documentário independente dirigido por Dave Markey, acompanha a turnê do Sonic Youth pela Europa com o, Nirvana, Babes in Toyland, Dinosaur Jr e Gumball, além dos Ramones, referência de todos, Courtney Love e alguns integrantes do Mudhoney. O filme marca o período de transição de pequenos públicos para as grandes platéias e festivais como o Reading Festival, ainda mostra imagens raras e exclusivas dos bastidores entre conversas bizarras e entrevistas desconexas à avacalhação com a imprensa que, acostumados com bandas cheias de frescuras e poses, se deparam com músicos sem o deslumbramento com o glamour (antes quase essencial no rock), loucos de ácido, preocupados apenas em tocar e se divertir. Em determinado momento do vídeo, Thurston Moore (guitarrista, vocalista) do Sonic Youth, em uma divagação poética a cerca da estética punk, tenta explicar a uma senhora na mesa de café ao lado por que o “punk declinou”, sem nenhum retorno aparente. Thurston também protagoniza com sua esposa Kim Gordon (guitarrista, baixista, vocalista), Kurt Cobain e Mark Arm, outras cenas hilárias pelas ruas ou no backstage. Os shows são antológicos com maior destaque para o Sonic Youth e o Nirvana que havia recém assinado com uma grande gravadora, por sugestão de Thurston Moore, e já quebravam (literalmente) tudo no palco pra delírio dos espectadores e das outras bandas fazendo um show seminal, no melhor sentido da palavra. Vale lembrar que se trata de uma produção independente mesmo assim é um dos melhores e mais divertidos filmes do gênero.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

o Mago Químico e o MDMA


 Alexander Shulgin recebendo Hamilton Morris em seu laboratório

Apesar do nome de Alexander Shulgin não ser exatamente familiar, ele é sem dúvida o químico psicodélico mais importante que já existiu. Aqueles que o conhecem costumam saber apenas sobre o seu papel na redescoberta e popularização do MDMA. Mas o MDMA é apenas um dos mais de cem compostos químicos que compõem a farmacopeia de Shulgin que se entende tão profundamente no desconhecido que ele precisa constantemente inventar novas expressões para descrever os seus efeitos (“ruptura ocular” é uma de minhas preferidas). As drogas são auditivos seletivos e alucinógenos táteis, psicodélicos que dilatam o tempo ou colocam o usuário em um estado de confusão amnésica, são antidepressivos, afrodisíacos, estimulantes, empatógenos, entactógenos, neurotoxinas e pelo menos um inseticida bem lucrativo bem lucrativo. Também são alguns dos remédios mais valiosos que o homem conhece e, apesar de apenas uma pequena parte deles ter sido formalmente estudado, são as melhores ferramentas de que dispomos para compreender a composição química humana.
A carreira e Shulgin começou na empresa Dow Chemical, onde ele fez nome ao sintetizar o Zectran, o primeiro inseticida biodegradável. Depois desse sucesso, ele recebeu carta branca para trabalhar com os químicos que quisesse. Ele escolheu os psicodélicos e se dedicou à criação de uma anfetamina chamada DOM, que na época só ficava atrás do LSD em termos de potência. Uma única dose generosa chega a durar 48 horas. Em 1967, um químico do Brooklyn, Nick Sand, percebeu o potencial comercial da droga. Ele construiu um laboratório industrial em São Francisco onde cozinhava DOM em um panelão de sopa de 150 litros, e vendia por quilo para os Hells Angels, que cruzavam os EUA despejavam dezenas de milhares de tabletes de 20 mg de DOM extremamente potentes sobre o público. Esse influxo despirocou hordas de hippies no Golden Gate Park.
Enquanto isso, a menos de uma quadra Tompkins Square Park, a polícia de Nova York derrubou a porta de uma igreja psicodélica chamada Igreja da Exaltação Mística em uma batida matutina. A polícia aprendeu cerca de oito milhões de dólares em drogas psicodélicas, incluindo 1.500 doses de DOM, dois pés de maconha e “inúmeros colchões”. Notícias de uma epidemia de surtos induzidos pelo DOM enchiam os jornais, um usuário em Mahnhattan ingeriu uma dose e realizou um ritual de haraquiri, estripando a si mesmo com uma espada de samurai no Dia das Mães. A essa altura, a droga ainda não tinha sido identificada, e o New York Times alternava as informações ora dizendo que se tratava de um gás tóxico militar secreto, ora que se tratava do “caviar de drogas psicodélicas”. Acabaram descobrindo que o DOM era resultado das pesquisas farmacêuticas conduzidas por um então desconhecido químico da Dow. Como era de se esperar, a Dow não ficou contente com isso. Assim que a fonte foi identificada, as relações entre Shulgin e a Dow foram cortadas.
Livre da Dow, Shulgin montou seu próprio laboratório no quintal de casa e passou a pesquisar drogas com total independência e com a consciência de que as substâncias químicas que criava tinham o potencial de ir parar na mente de pelo menos um milhão de pessoas. Ele testava pessoalmente cada novo composto e, quando achava válido, também testava em sua esposa e amigos, sempre dando ênfase especial às propriedades sexuais dos psicodélicos (ou, como diz o próprio, “o erótico”). Ao longo de 50 anos, Shulgin concluiu o mais exaustivo exame de estruturas psicodélicas jamais feito e produziu um leque de drogas que rivalizava com a produção de muitas gigantes farmacêuticas. O tempo todo preservou sua sanidade e cavalheirismo, tocando viola, dando aulas na universidade e comparecendo a saraus de elite no Bohemian Grove.
Texto de Hamilton Morris, farmacologista

Alexander "Sasha" Shulgin (Berkeley, 17 de Junho de 1925) é um farmacologista, químico e pesquisador de drogas russo-estadunidense.
Shulgin popularizou o MDMA no final dos anos 70 e início dos anos 80, especialmente pelos seus usos em tratamentos psicofarmacêuticos e tratamento de depressão e desordem depressiva pós-traumática. Nos anos seguintes, Shulgin descobriu e sintetizou mais de 230 componentes psicoativos. Em 1991 e 1997, ele e sua esposa Ann Shulgin escreveram os livros PiHKAL (Phenethylamines I Have Known and Loved) e TiHKAL (Tryptamines I Have Known and Loved), ambos sobre substâncias psicoativas. Atualmente continua seu trabalho em sua casa em Lafayette, Califórnia.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Das Políticas Públicas

Foto: Marcia Foletto

“A loucura pública é a mesma. Comprado, o cidadão vota em troca dos espólios, pelo que quer que tenha o som de ouro. São corruptos, o Senado é corrupto, seus favores colocados à venda. Até homens velhos decaem em sua liberdade e virtude; o poder muda de mão por onde passa o ouro, e sua grandeza dourada jaz podre no pó.”
“ Ademais, o povo afunda no duplo lodaçal da horrenda usura e dos débitos devoradores. Não há um lar a salvo, nenhuma alma livre de hipoteca; a lenta decadência medra em silêncio no coração, e logo se alastra impiedosa pelos membros em grande alarido. Os romanos recorrem às armas, como desesperados, e procuram agora, nas feridas abertas, os bens que dissiparam na luxúria. Imersa nessa torpeza, nesse sono doente, que remédio poderia despertar Roma, senão o terror, a guerra e o aço lascivo?” 
(Petrônio)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Propaganda racista, conspiração e cannabis

Um artigo incompetente que associava maconha, crime e insanidade foi publicado no Journal of Criminal Law and Criminology em 1932, passando a ser frequentemente citado a partir de então como um estudo definitivo. Os autores, L.E. Bowery, um policial de Whichita, no Kansas, e M.A. Hayes, afirmaram que o usuário de maconha é capaz de:

grandes proezas de força e resistência, durante as quais nenhuma fadiga é sentida... Os desejos sexuais são estimulados e podem conduzir a atos antinaturais, como exibição indecente e estupro... (O uso da maconha) termina na destruição dos tecidos e centros nervosos do cérebro, e produz danos irreparáveis. Se prolongado, o resultado inegável é a insanidade, qualificada por aqueles que a conhecem como absolutamente incurável, e culminando, sem exceção na morte.”

Embora os promotores da moral costumassem proclamar que a maconha gera uma droga abominável, sedutora, que causava insanidade e crime, a Cannabis sativa foi proibida nos Estados Unidos por razões que estavam tão ligadas a racismo e economia quanto a moralidade. Uma associação arbitrária que vinculava que a “loucura da maconha” com mexicanos, afro-americanos, jazz e violência havia sido adotado por doutrinadores, cujos temores e fantasias eram alimentados pela mídia. “Conserve a América americana”, era a fórmula usada pelos que buscavam transformar em bodes expiatórios as minorias raciais e as ondas de novos imigrantes, exibindo como uma ameaça para a moralidade da nação em histórias sensacionalistas de primeira página que encontraram seu epítome na imprensa marrom de William Radolph Hearst. Este odiava minorias e usava sua cadeia de jornais para agravar tensões raciais em todas as oportunidades. Era sabido que os jornais de Hearst afirmavam que a cocaína levava os negros a estuprar mulheres brancas – até que a cocaína saiu de moda, momento em que a maconha passou a ser responsável pela violação de mulheres brancas por negros.
Propaganda da década de 30 aponta os 'perigos' da erva
Hearst odiava especialmente os mexicanos. Seus jornais retratavam os mexicanos como preguiçosos, degenerados e violentos, além de fumantes de maconha e ladrões de empregos. È bem possível que o verdadeiro motivo por trás desse preconceito fosse o fato de Hearst ter perdido 320 mil hectares de floresta nativa para o exército de Pancho Villa, o que sugere que seu racismo era alimentado pela ameaça mexicana a seu império.
O ativista do cânhamo Jack Herer, que publicou em 1994 o livro O rei está nu, afirma convincentemente que a cannabis foi proibida nos Estados Unidos não só por razões “morais”, mas por razões econômicas. Os produtos de cânhamo ameaçavam certos grupos de interesse financeiros e industriais, que conspiraram para destruir a indústria dando apoio aos zelosos reformadores morais que visavam sua proibição em nível federal. As industrias petroquímica e de polpa de celulose, em particular, corriam o risco de perder bilhões de dólares se o potencial comercial do cânhamo fosse plenamente explorado. Herer cita Hearst e Du Pont como dois dos grupos de interesse mais responsáveis pela orquestração da extinção da manufatura do cânhamo. Na década de 1920, a companhia Du Pont desenvolveu e patenteou aditivos para combustíveis como o chumbo tetraetil, bem como os processos de manufatura de polpa e celulose baseados no sulfato e no sulfito, e vários novos produtos sintéticos como o náilon, o celofane e outros plásticos. Ao mesmo tempo, outras companhias estavam desenvolvendo produtos sintéticos a partir de recursos renováveis de biomassa – especialmente o cânhamo. O decorticador de cânhamo prometia eliminar em grande parte a necessidade de polpa de celulose, ameaçando assim reduzir drasticamente o valor das vastas áreas de florestas que Hearst ainda possuía. A Ford e outras companhia já estavam prometendo fazer com carboidratos de cânhamo todos os produtos que aquele momento eram feitos com hidrocarbonetos de petróleo. Em resposta, de 1935 e 1937, a Du Pont pressionou o principal conselheiro do Departamento do Tesouro, Herman Oliphant, em prol da proibição cannabis, assegurando-lhes que os petroquímicos sintéticos da Du Pont (como o uretano) podiam substituir o óleo de semente de cânhamo no mercado.
Algumas grandes companhias farmacêuticas também estavam em situação de ganhar com a proibição da cannabis, uma vez que seus tranquilizantes sintéticos de formula patenteada (como barbitúricos) iriam encontrar espaço no vazio deixado pela proibição daquele relaxante natural. Ao mesmo tempo, algumas companhias estavam distribuindo toneladas de maconha no Texas e no sudeste, onde era vendida no balcão em pacotes de 30 gramas, em tinturas, e por reembolso postal. Em El Paso, no Texas, farmacêuticos foram entrevistados para um relatório para um relatório destinado ao USDA (United States Department of Agriculture) que visava determinar se a “erva louca” mexicana era um problema a exigir intervenção federal. As respostas que eles deram refletiam conscientemente – e perpetuaram – a propaganda racista associada à maconha. Sem preocupação alguma com a objetividade, o relatório governamental afirmava que a maconha era comprada por mexicanos “de baixa extração” para fins de prazer e medicinais, inclusive o tratamento de doença venérea; outros compradores incluíam negros, choferes e brancos de baixa classe como aqueles afeitos ao uso de drogas geradores de dependência e parasitas do submundo. Com propaganda e influência política, a Du Pont, a Hearst e seus associados dirigiam seus esforços para esmagar a competição representada pelo cânhamo, e tiveram êxito.

Texto extraído de "O grande Livro da Cannabis" de Rowan Robinson. Guia de uso industrial, medicinal e ambiental.

domingo, 8 de agosto de 2010

The Runaways


O filme The Runaways, dirigido por Floria Sigismondi, estreou 09 de Abril de 2010 nos Estados Unidos, baseado no livro Neon Angel da vocalista, Cherrie Currie, e por isso mesmo, focaliza quase exclusivamente a sua perspectiva da banda e seus acontecimentos focalizados primordialmente em Cherrie e Joan Jett. Conta com as atuações de Kristen Stewart e Dakota Fanning.
The Runaways foi uma das primeiras bandas formada só por mulheres em Los Angeles, Califórnia em 1975, emplacando poucos hits, deixou um enorme legado. As guitarristas Joan Jett, com seus Blackhearts, e Lita Ford foram bem sucedidas em suas carreiras solo após o final da banda em 1979, Joan com mais influências do punk e Lita Ford mais heavy metal e glam rock
Joan Jett está com vários lançamentos nesse ano, entre eles a sétima compilação de sua bem sucedida carreira o duplo “Greatest Hits”, lançado pela Blackhearts Records (gravadora independente fundada por Joan Jett e Kenny Laguna). Joan continua bela e detonando com os Blackhearts.
The Runaways desfrutou de breve sucesso, inclusive no Japão, e apenas hoje sua importância é reconhecida. De quebra, influênciaram nos anos 80 e 90 várias bandas feminimas como L7, Girlschool, 7 Year Bitch, Babes in Toyland, entre outras. Na trilha sonora, Suzi Four, MC5, The Stooges, David Bowie, Joan Jett, Sex Pistols e The Runaways.


O “Greatest Hits” de Joan Jett, lançado em vários formatos, o álbum inclusive ecologicamente correto, contêm 21 faixas, oito delas foram regravadas e estão presentes no filme.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Adoniran

Adoniran Barbosa (1910 - 1982)

atuou, compôs e tirou onda com caixinhas de fósforos
boemia, ô coisa boa
da “Era do Rádio” a cronista da vida...
João Rubinato
morreu no dia que completei um ano de idade
Barbosa... também meu sobrenome
não precisou de vista para o Corcovado
pra fazer poesia prosa nas malocas e entrar pra história
arte em tom sublime
 
É comemorado hoje o centenário do criador de clássicos do samba paulistano como "Trem das Onze", "Saudosa Maloca", "Samba do Arnesto", "Iracema", entre outros. Adoniran Barbosa foi autor de uma das mais originais obras da música popular brasileira. Morreu quase esquecido, na sua casa em São Paulo, no dia 23 de novembro de 1982.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Barco Bêbado


O poeta, aventureiro e negociante de armas francês Arthur Rimbaud (1854-1891)

Quando eu já descia Rios impassíveis,
Não mais me senti preso a guias e galés:
Pels-vermelha a gritar os encrivaram, críveis,
Todos crus alvos nus nos totens de pincéis.
Em nada me importava quem eu carregara
Com o trigo flamengo ou o algodão inglês.
Como toda a zoada com os guias finara,
Rios me liberaram escolher fluxo e vez.
Nos clamores, ímãs e furor das marés,
Eu, inverno, mais surdo que mentes infantes,
Eu corri! E as Penínsulas, soltos os pés,
Nunca se descarnaram em caos mais triunfantes.
Tempestade bendisse minhas albas marinhas.
Bem mais leve que rolha eu dancei nos torós
Que se diz tornear norte das vitiminhas,
Dez noites, sem buscar o olhar dos faróis!
Mais doce que maçãs em boca de criança,
Água verde invadiu-me a carcaça de lei
E de vômito e vinhos azuis, gosma mansa
Me lavou, desprovido de leme e arpão, sei.
Desde então, é que eu mergulhei no Poema
Do Mar, infusão de astros, um lácteo mar,
Devorando os verde-anis; onde, clara gema,
Arrebatado, um corpo afunda a ensimesmar;
Onde, adensando azuis num só golpe, delírios
E ritmos lentos, rutilamento a se por,
Mais fortes que o álcool ou a lira que mire-os,
Fermentam os rubores amargos do amor!
Sei desses céus rasgando clarões e das trombas,
Das ressacas, correntes: do entardecer,
Da exaltada Alba, qual turba de pombas,
E já vi o que o homem pensou tido ver!

Vi o cadente sol, bolor de horror místico,
Com luz roxa de raio em feixes antigos,
Como atores de velho drama artístico
Ondas levando longe o tremor de postigos!
Sonhei com verde noite e deslumbrantes neves,
A beijar lentamente os olhos do mar,
Com a corrente de espantosas seivas leves,
Amarela alba azul de fósforo a cantar!
Assisti, mês a mês, como vaca em histerias,
À potência do mar recifes violentar,
Sem supor que os pés luminares de Marias
Focinhos de Oceanos pudessem assentar!
Tropecei, vós sabeis, em Flóridas incríveis
Mescla flor e olhos de pantera em pelo
De homens! Arcos-íris, rédeas invencíveis
No horizonte mar de rebanho amarelo!
Eu vi fermentarem nassas, mangues enormes
Onde apodrece em juncos todo um Leviatão!
Umas síncopes d’água em ares uniformes,
E lonjura em cataratas de furacão!
Gelos, sóis prata, ondas nácar, céus em brasa!
E profundos naufrágios em golfos de breu
Onde grandes serpentes que percevejo arrasa
Caem, de torto lenho, em negror que fedeu!
Eu queria expor às crianças o ouro
De onda azul, áureos peixes, peixes que cantam.
- No embalo do buquê de espumas em coro,
Inefáveis ventos meu corpo levantam.
Às vezes, mártir tonto dos pólos e zonas,
Soluço do mar me fazia fedelho,
Jogava-me flores carvão e amarelonas
E eu me mantinha fêmea de joelhos...
Pré-ilha, rebocando lamentos, ruídos
E fezes de gralhas com olhos cor de dentes.
E eu já vagueava, e em meus fios puídos
Afogados vinham, marcha a ré, dormentes!

Pois eu, barco entre pêlos, perdido nas ansas,
Que o furacão lançou num ar sem ave ou vôo,
De quem os Monitores, veleiros das Hansas
Não pescariam o casco que a água embriagou;
Livre, entre fumos, sob brumas violetas,
Eu que rasgava céu rubro de murado
Que contém, raro glacê dos bons poetas,
Uns líquenes de sol e muco azulado,
Que corri, manchado por luar elétrico,
Prancha louca, entre alas de hipocampos breu,
Quando os julhos faziam lascar-se tétrico
Em ardentes funis o ultramar do céu;
Eu que tremia, ouvindo a cinqüenta léguas
O cio de Behemots e Maelstroms eretos,
Fiandeiro eterno de azuladas tréguas,
Evoco da Europa os velhos parapetos!
Eu vi arquipélagos astrais! e vi ilhas
Cujos céus delirantes se abrem ao que for:
- Esse é o negror sem fim onde dormes, te empilhas,
Milhão de aves de ouro, ó futuro Vigor? -
Ah, sim, muito chorei! Pungentes são Albores.
Toda lua é atroz e todo sol é sal:
O acre amor me inflou de álcool e torpores.
Que esta quilha exploda! Seja mar afinal!
Se eu desejo água de Europa, é sarjeta
Negra e fria onde, ocaso em bálsamo de ensaio,
Um menino agachado, em só tristeza, meta
Um barco que trema qual borboleta em maio.
Não posso mais, no langor de vocês, marolas,
Me juntar a esses barcos que carregam algodões,
Nem traspassar poder, flâmulas, bandeirolas,
Nem vagar sob o olhar horrível dos pontões.
(O Barco Bêbado - Arthur Rimbaud)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Rory Gallagher and Jerry Lee Lewis at the Roxy

O carismático e brilhante, Rory Gallagher

Cerca de um ano após o lançamento de Jerry Lee Lewis, London Sessions, que contava com a participação de Rory Gallagher, foi agendado um show do pianista mais rocker do mundo no famoso clube Roxy, em Los Angeles.
Astros da música e do cinema foram convidados especialmente para a ocasião, assim como produtores, empresários e as groupies mais quentes da redondeza.
O show ia muito bem até que John Lennon chega no local e começa a chamar mais atenção que da platéia que do que o próprio Jerry Lee Lewis. De cabelos curtos e calmamente sentado no balcão do Roxy, Lennon parecia não se intimidar com o tumulto que começa a se formar ao seu redor.
Todo mundo comentava algo e as atenções estavam viradas para Lennon. Jerry furioso, começa a tocar uma versão selvagem de “Jerry Lee Rag”, porém nada do que acontecia naquele palco parecia desviar a atenção do pessoal, até que Jerry manda a banda parar de tocar e começa a falar o microfone um monte de besteira sobre os Beatles e o quanto as musicas deles eram uma merda. Mete o pau também nos Stones, brandando que ninguém fazia rock nesse mundo como ele próprio.
Lennon adorou a atitude de Jerry, subiu no balcão e ficou gritando em direção ao palco: “pode crer, os Beatles eram uma bosta mesmo cara!”.
 Todo mundo começou a dar risada da situação e Jerry não entendeu nada, pensando que Lennon estava mandando-o tomar naquele lugar...
Jerry arrastou o piano pelo palco e o destruiu-o em pedaços...
O pianista sempre andava armado e pela sua reação parecia que ele puxaria sua arma a qualquer instante e começaria a disparar na direção de Lennon! O público começa a deixar o local e o clima começa a ficar cada vez mais tenso até o show ser interrompido e Jerry Lee ser levado à toda força para os camarins.

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 Rory Gallagher e Jerry Lee durante as gravações de "The London Sessions"

Rory Gallagher, que era um convidado especial de Jerry, achou uma boa ir até o backstage acalmar o amigo, afinal de contas, o relacionamento entre os dois no estúdio tinha sido muito bom. Donal, irmão e empresário de Rory, tentou impedi-lo falando que Jerry iria, no mínimo, espancá-lo. Só deixou Rory seguir em frente com a condição de que ele e o segurança pessoal dos irmãos Gallagher, Tom O' Driscoll (também presente na ocasião) fossem juntos.
Jerry estava sentado sozinho e de cabeça baixa, no camarim, completamente vazio. Obviamente até o mais durão membro da equipe do astro estava se escondendo de medo naquele instante. Rory se aproximou e sentou ao lado de Jerry que estava ainda vermelho de ódio. Antes que qualquer palavra fosse dita, a porta se abre e John Lennon entra no camarim!
Um silêncio mortal se instalou e sem que ninguém esperasse o gigante guarda-costas de Gallagher se atira de joelhos na frente de Lennon e começa a chorar!
O sujeito beijou a mão de Lennon e falou: “Eu esperei mais de vinte anos para conseguir um autógrafo do rei do Rock'n'Roll
Agora sim o juízo final estava por vir. Já não bastava Lennon ter roubado as atenções durante todo o show, no camarim de Jerry a cena se repetia.
Jerry foi logo buscando algum objeto para atirar contra o roqueiro inglês. Chegou a conferir em sua bota de cano alto se sua arma estava por ali. Lennon sentindo que o clima ia realmente esquentar, rapidamente assinou o pedaço de papel para o segurança. Rasgou um pedacinho do mesmo papel, roubou a caneta do fã e se dirigiu para Jerry Lee.
O beatle repetiu passo a passo a idolatria que tinha acabado de protagonizar: ajoelhou-se, beijando a mão de Jerry e falou:”Eu esperei mais de vinte anos para conseguir um autógrafo do verdadeiro rei do Rock'n'Roll”.
Jerry se deleitou com a atitude inesperada de Lennon. Assinou o papel e começaram a conversar como se nada tivesse acontecido...