segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cânhamo: primeira parte


O cânhamo está na ordem do dia. Os últimos anos transformaram rapidamente a idéia de uma moderna indústria do cânhamo de fantasia em realidade. A presença física de tecido, papel, materiais de construção e produtos de óleo de sementes do cânhamo produziu enorme impacto no imaginário social. Talvez, mais ainda que a informação sobre a importância da planta no passado, essa tenha sido a semente da revitalização do cânhamo.
Desde a década de 1930 tem havido um esforço para doutrinar as pessoas, impondo-lhes a crença de que o cânhamo não passa de uma praga maligna “com raízes no inferno”, mas quando lhes mostram uma camisa que parece linho e dizem que é feita do caule da mesma planta que produz a maconha, uma profunda alteração de consciência tem início. Sobrevém a compreensão de que o cânhamo não é uma “droga” mortal, mas simplesmente uma planta possuidora de uma longa e notável história de serviços à humanidade.
É significativo que essa consciência esteja florescendo quando ainda vive uma geração que se lembra das primeiras décadas do século XX, época em que o cânhamo era cultivado nas terras da família, uma geração que conhece a textura e o sabor de um velho conhecido, quando o sentem ou o experimentam. Os plantadores do cânhamo dos velhos tempos e seus filhos ainda estão por aí para atestar a existência e o valor do cânhamo industrial.

(Henry Ford e o carro feito com a resistente fibra de cânhamo em 1941)

Foi só uma questão de tempo antes que os empresários de diversos países passassem a importar produtos feitos de cânhamo. Nos Estados Unidos, onde esse movimento teve muita força, os únicos produtos do cânhamo disponíveis em meados de 1987 eram cordão húngaro, alguns papéis especiais como papéis para cigarros e sementes esterilizadas para pássaros. No Brasil, nem mesmo esse material encontra-se disponível na atualidade. Em 1989, um grupo chamado Business Alliance for Commerce in Hemp (BACH) descobriu e publicou normas referentes á importação do cânhamo pela Alfandega dos Estados Unidos, que excluem especialmente o caule e a semente esterilizada, tornando legal o comércio desses itens importados. Em meados de 1989, a organização já havia produzido vários textos incentivando empresários do cânhamo a se lançar nos negócios e dando-lhes as ferramentas para tanto. A educação teve uma grande importância na estrategia de marketing inicial, e panfletos da BACH, como “Os muitos usos do cânhamo”, foram distribuídos por toda parte por seus representantes. O foco recaía sobre as vantagens ambientais e econômicas do uso do cânhamo na produção de fibra, alimento e combustível.
O Grande Livro da Cannabis

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