sexta-feira, 26 de março de 2010

Admirável Mundo Novo - Mensagens Subliminares Agora

A cada dois ou três artigos, poesias ou qualquer coisa que o valha, sinto a necessidade de incluir textos que fazem parte de todo um contexto metafísico para alimentar a alma e as almas.


Imagine uma civilização de excessiva ordem onde todos os homens eram controlados por um sistema que aliava controle genético (predestinação) a condicionamento mental, o que os tornava dominados pelo sistema em prol de uma aparente harmonia na sociedade, resultado de uma feroz ditadura tecnológica. Isso não parece familiar?
Isso é a obra profética de Aldous Huxley concebida em 1932, nos mostra elementos como os de outro grande clássico da literatura universal o 1984 de George Orwell.
Sem espaço para questionamentos ou dúvidas, nem para os conflitos, pois até os desejos e ansiedades eram controlados quimicamente pelo “Soma”, sempre no sentido de preservar a ordem dominante. A liberdade de escolha restrita a poucas matérias da vida, o que nos dias de hoje está mais para ausência de opções dos meios de vida propriamente ditos e não a restrições materiais. O sistema era dividido em castas: as superiores eram decantadas em betas, alfas e alfas mais e se originavam de óvulos biologicamente superiores, recebendo o melhor tratamento pré-natal possível. Já as castas inferiores, bem mais numerosas, recebiam um tratamento diferenciado, denominado Bokanovsky. O  SOMA é a droga da vez.

Nos remete a lembrar que hoje, além das infinitas possibilidades químicas ilegais, são oferecidos uma gama de anti-depressivos, (eu mesmo já fiz uso em troca de cigarros) além de vícios de jogos. 
Mesmo sido publicado há quase 80 anos, parece ter sido escrito ontem! Nos leva à várias reflexões!
Sem esquecer o factum de que nos deliciamos todos os dias com mensagens subliminares escarradas pela mídia. Todos os dias e todas as horas de nossa vida moderna.


 Um edifício cinzento e atarracado, de apenas trinta e quatro andares, tendo por cima da entrada
principal as palavras:
CENTRO DE INCUBAÇÃO E DE CONDICIONAMENTO DE LONDRES-CENTRAL
e, num escudo, a divisa do Estado Mundial:
COMUNIDADE, IDENTIDADE, ESTABILIDADE
A enorme sala do andar térreo estava virada ao norte. Apesar do Verão que reinava no exterior, apesar
do calor tropical da própria sala, apenas fracos raios de uma luz crua e fria entravam pelas janelas. As
batas dos trabalhadores eram brancas, e as suas mãos, enluvadas em borracha pálida, de aspecto
cadavérico. A luz era gelada, morta, espectral, Apenas dos cilindros amarelos dos microscópios ela
recebia um pouco de substância rica e viva, que se espalhava ao longo dos tubos como manteiga.
- Isto - disse o Director, abrindo a porta - é a Sala da Fecundação.
No momento em que o Director da Incubação e do Condicionamento entrou na sala, trezentos
fecundadores, curvados sobre os seus instrumentos, estavam mergulhados naquele silêncio em que
apenas se ousa respirar, naquela cantilena ou assobio inconsciente com que se traduz a mais profunda
concentração. Um grupo de estudantes recém-chegados, muito novos, rosados e imberbes,
comprimiam-se, possuídos de uma certa apreensão e talvez de alguma humildade, atrás do Director.
Cada um deles levava um caderno de notas, no qual, cada vez que o grande homem falava, rabiscavam
desesperadamente. Bebiam a sua sabedoria na própria fonte, o que era um raro privilégio. O D. I. C. de
Londres-Central empenhava-se sempre em conduzir pessoalmente a visita dos novos alunos aos
diversos serviços.
Trechos de Admirável  Mundo Novo, Aldous Huxley (1932).

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