domingo, 25 de abril de 2010

A Love Supreme - John Coltrane




A Love Supreme, o gongo de Elvin Jones abre o disco como o sol que brilha e cora a face, rasga o sul do céu bem alto, alto, alto. Jimmy Garrison chega marcando o tempo, arquitetando os acordes no baixo, brisa meu sangue. Não resta mais nada pra formar a muralha sonora quando o piano de McCoy Tyner argumenta a estrutura de Acknowledgement, o primeiro tema dos quatro que completam o álbum. Eis que surge John Coltrane, com seu sax tenor livre, livre e surreal, cortando impiedosamente o tempo e espaço entre sopros, saudação a tudo que reluz. Remete ao mesmo tempo a meditação e a violência dos anos 60.
Me estico soberano no pequeno sofá com a sensação de vivenciar uma experiência espiritual e única.
E de fato foi! Seguindo como elixir de muitas manhãs.

  
A Love Supreme é mais do que um disco de quatro temas; é sua homenagem a Deus, e segundo o próprio Coltrane, a única vez em que conseguiu imaginar toda a música em sua cabeça e saber exatamente o que queria. Se algum disco chegou perto de ser chamado de "música sagrada" é este. Aliás, Coltrane era considerado quase um santo por fãs e colegas. O fato é, quando escutei pela primeira vez este disco, conhecia vagamente o nome de Coltrane sem imaginar que ele influenciou gerações de músicos que passeiam do folk ao rap. Coltrane ainda trouxe para o planeta Terra álbuns como Giantsteps, Impressions, participou da obra-prima de Miles Davis Kind of Blue, além de revolucionar a música trazendo o Free Jazz a partir do álbum Ascencion, só pra citar uns poucos.
Fascinado,além de conseguir versões ao vivo do álbum, adquiri A Love Supreme - Criação do Álbum Clássico de John Coltrane, de Asheley Kahn, pouco depois de seu lançamento, livro que revela detalhes da criação.

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