domingo, 21 de março de 2010

Viva Glauquito!

Segue uma breve homenagem do blog Rollin and Tumble a este ícone do humor e das tiras que ilustrou durante mais de trinta anos a vida de muita gente como a deste calhorda que vos escreve.
Lembro-me do dia em que cheguei na roda de amigos, (na época pirralhos) com um exemplar da revista Los Três Amigos da editora Circo lá pelos idos de 93. Fez tanto sucesso entre meus comparsas e passou por tantas mãos que nunca mais recuperei tal revistinha.


Diferente dos meus amigos, eu já conhecia as histórias e tiras de Glauco, Angeli e Laerte, autores da tal revista, e também tinha um maior contato com as HQ's. As tiras infames de Geraldão, Piratas do Tietê e, principalmente da Chiclete com Banana, (tenho algumas até hoje) mexiam com meu imaginário pré-adolescente e logo de cara, saquei que aquele humor ácido, sádico e sem frescuras ou pudores tinha algo de muito peculiar e não apenas por seu conteúdo recheado de sexo, drogas e rock' n' roll, mas pelo contexto anárquico que eu, sem saber até então, me interessava cada vez mais. Não por acaso, Laerte foi do Partido Comunista e o Angeli sempre foi de esquerda. O próprio Angeli fala de suas influências citando o Pasquim e, que a trupe foi apadrinhada por ninguém menos que Henfil.


Difícil era imaginar que o criador de personagens como Doy Jorge ou Dona Marta pudesse ser um sacerdote de alguma religião. Enquanto Angeli se renovou (virando a charge política do avesso, por exemplo) e Laerte levou às tiras onde nenhum cartunista jamais esteve. Entretanto era como se Glauco não precisasse do humor para fazer grandes questionamentos ou mergulhar em incursões filosóficas. Como já havia encontrado todas as respostas na religião, Glauco continuou a usar os quadrinhos para zoar do jeito mais descompromissado possível. 
Cresci lendo, rindo e aprendendo a cerca de diversos assuntos da política ao popart, com suas piadas certeiras e seu desenho simples e ágil. Seus personagens satirizavam as relações de uma geração perdida entre questões comportamentais e instintivas do ser humano. Usava o humor como arma de anteparo à violência (como exemplo um dos seus últimos personagens o Faquinha). Glauco registrou, a cada momento, as tranformações pelas quais passou o mundo e o Brasil.



Glauquito irá deixar saudades, principalmente ao abrir a Folha de S. Paulo e não encontrar as tiras sacanas de um dos mais originais e influentes cartunistas brasileiros, que fez rir gerações inteiras nos fins dos anos 70 até os dias de hoje.

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