dizia a carta do artista
à seu irmão
Van Gogh, seu animal sujo
com suas telas
marrom esterco
"representa o jantar dos camponeses
comendo as batatas que eles plantaram"
obra de Van Gogh
tenta explicar-se sem sucesso
Aos poucos
renova o espírito
se entrega a cor
descobre-se
impressionista então
''botas e girassóis cortados"
e de pretas sementes
violenta os olhos
perigo criativo
encharcado de gim
Gaughin
selvagem amigo
companheiro visionário
da força criativa
parceria brilhante
e inovadora
deste encontro
brota a raiva e a inveja
incompetentes diante da beleza
dos campos em questão
Paris
visões
amarelo ouro
hino lírico
num só movimento
campos, oliveiras e ciprestes
ejaculação de energia
possante, emocional
contraste entre
mar, terra e céu
árido, fértil
choca-se a tinta na tela
lenta massagem do pincel
o absinto
aplaca a ansiedade
obra de Van Gogh
apenas sonhe"
diz Gaughin
mente doente
corpo frágil
a loucura visita
no bordel preferido
deixa a orelha
nas mãos da meretriz
que desmaia
apenas ao tocar do sangue
''Querido Théo"
este tenta vender suas telas
na Holanda terra natal
o sucesso vem lento
mais do que naturalmente
prevê
Ao longe a sanidade e
espasmos de loucura,
só há um remédio
"trabalhar mais "
nova perspectiva
paraíso na terra
enormes estrelas
imenso céu
calmaria expressa o último auto-retrato
crise de epilepsia
Aveurs-sur-Oise
cidadezinha tranquila
nova expressão criativa
imensa planície de trigais
profundidade espacial
pulsa, brandi
cria e transcende
o universo passa a ser seu
está consumado
"Querido Théo "
sua vida
enfim
justificada
(Rodrigo Barbosa)
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