quinta-feira, 17 de junho de 2010

Soneto

Álvares de Azevedo, escultura em bronze (1907), Faculdade de Direito - USP Largo São Francisco, São Paulo

Oh! páginas da vida que eu amava,
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!...
Ardei lembranças doces do passado!
Quero rir-me de tudo que eu amava!

E que doido que eu fui! como eu pensava
Em mãe, amor de irmã! em sossegado
Adormecer na vida acalentado
Pelos lábios que eu tímido beijava!

Embora - é meu destino. Em treva densa
Dentro do peito a existência finda...
Pressinto a morte na fatal doença!...

A mim a solidão da noite infinda!
Possa dormir o trovador sem crença...
Perdoa, minha mãe, eu te amo ainda!
Álvares de Azevedo

Manuel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, 12 de setembro de 1831 — Rio de Janeiro, 25 de abril de 1852) foi um escritor da segunda geração romântica (Ultra Romântica, Byroniana ou Mal do Século), contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro.
 

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