domingo, 23 de maio de 2010

Subindo seu rio amarelo - Charles Bukowski

Não é possível extrair nada em alguns domingos, nem um só poema. Os poemas melancólicos e úmidos de O amor é um cão dos diabos que tenho à mão rompe o tédio com versos de onde menos se espera conseguir um poema. 

Subindo seu rio amarelo
Charles Bukowski

uma mulher contou a um homem
assim que ele desceu de um avião
que eu estava morto.
uma revista publicou
a notícia de que eu tinha morrido
e mais alguém disse
que eles ouviram sobre o meu
falecimento, e que então alguém
escreveu um artigo e disse
nosso Rimbaud nosso Villion está
morto, ao mesmo tempo um velho
parceiro de bebida publicou
um texto afirmando que eu
já não podia mais escrever. um
verdadeiro trabalho de judas. eles
não podem esperar que eu me vá, esses
cretinos. bem, escuto o
concerto de piano número um
de Tchaikovski e
o locutor anuncia que a
5a e a 10a sinfonias de Mahler
virão a seguir desde
Amsterdã.
e as garrafas de cerveja se

espalham sobre o chão e as cinzas 
dos meus cigarros
cobrem minhas cuecas de
algodão e minha barriga, mandei
todas as minhas namoradas
pro inferno, e mesmo jeito
é um poema muto melhor do que
qualquer coisa que esses coveiros
possam escrever.








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