quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mais um trago, por favor


 Photo by Rodrigo Barbosa

Entra numa livraria, lê o máximo que consegue depois ganha as ruas.
“Ei, excêntrico!” - grita algum transeunte.
Adentra um bar, de preferência o mais simples que houver. “Um trago, por favor!”
Observa uma briga - “Droga, os homens estão cada dia mais estúpidos.”
O menos imbecil não quer dar passagem para o outro em seu belo carro esporte.
Em outro ponto da cidade, outros cretinos maltratam, mães, esposas e crianças e, no dia seguinte, comentam o placar do futebol como se nada tivesse ocorrido.
Meninos com suas armas em punho, tão cruéis quanto os adultos. Morrem os que tem algum dinheiro e os que não tem. Pouco importa para quem está do outro lado da arma.
 “Mais um trago, por favor!” - enquanto isso, escreve versinhos chulos, sujos e impregnados de inocência romântica.
A real briga armada!
Mas não com propósitos ou ideais revolucionários. Porra nenhuma!
Entra em outro bar - “Oh bacana, um trago! Bem aqui estou mais seguro que dentro de uma dessas latas metálicas.”- esboça algumas palavras ao comerciante e cidadão de bem.
“Outra dose de veneno para a alma, ok?! Ora, o que irá me matar primeiro, o trago ou um projétil de algum criminoso babaca? Ah, ah!” - Desabafa e sorri desajeitado.
“Maldito Kassab” comenta o dono do bar - “ele diz: os índices de violência estão mais baixos nesse semestre, blá, blá...”
A verdade é que a violência segue gritando e para isso não existe poesia ou metáforas.
“ Prefiro morrer cheio de veneno em minhas veias, ah, ah, ah!” - o dono do estabelecimento odeia alcoólatras, mas quem não os odeia?! É mais digno um cão sarnento!

banquete dos mendigos
todos os dias
pedofilia
mulheres mortas aos montes
verdadeiro massacre
maldito Serra
e seu metrô-cratera
e isento de impostos
um grande traficante sorri atrás das grades
seu trabalho está feito do lado de fora
sem metáfora ou poesia romântica e barata

Nenhum comentário:

Postar um comentário