domingo, 18 de abril de 2010

Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra


Led Zeppelin Quando os Gigantes Caminhavam sobre a Terra, preenchendo ricamente meu fim de semana, um dos registros sobre música, músicos e tudo o mais que envolve este universo, e um dos melhores do gênero que tive a oportunidade de ler nos últimos anos. Deixa em evidência a parceria de Jimmy Page, articulador alquímico-ocultista da coisa toda e guitarrista brilhante ao lado de Peter Grant, o empresária mão de ferro, astuto e um dos mais importantes da indústria musical.
Segue o prólogo do incrível texto de Mick Wall.



Paraíso
Poderia ter acontecido em qualquer parte, mas é sempre melhor quando acontece nos Estados Unidos. Terra do leite e do mel, mundo de infinitas possibilidades. Terra do bendito rock'n'roll. Podia ter acontecido em qualquer lugar, mas nunca do jeito que aconteceu lá, naquelas noites em que dava para sentir as faiscas no ar, dava para sentir que eles brilhavam, pulsando como o neon no Sunset Boulevard depois que escurecia. Podia ter acontecido em qualquer lugar, mas nunca aconteceu para você ou para eles como aconteceu nos Estados Unidos.



Photo credit: wayupnorthtonowhere

De Nova York a Los Angeles, baby…o The Riot House… em algum lugar embaixo da mesa nos fundos do Rainbow… erva e vinho e coca e xoxota... beija, baby, beija… se deus ou o diabo fizeram algo melhor, devem ter guardado pra si mesmos.
Olhando para eles do palco, milhares deles, mexendo a cabeça, os seios de fora, as mãos para fora, as mãos para o alto, uma grande massa escura se contorcendo, sonhando, ávida de humanidade, todos esperando pelo seu sinal, pelo ritual para atingir o máximo de vertigem, se derramar e engoli-los, engasgar e fazer com que queiram mais. Ascensão! Para a luz! Aprendendo a voar com suas mãos e joelhos...
Era essa a idéia”, você diria ao autor anos depois, " criar uma coisa hipnótica, hipnótica, hipnótica...” Arrastar o arco do violino pelas cordas da guitarra, fazê-las sofrer e gemer com a dor que queima por dentro. Então, erguendo o braço e apontando o arco... pra cima... para baixo... direto para eles... batendo como se fosse um chicote enquanto o som da guitarra quicava em seus rostos como uma pedra bem atirada na superfície de um lago. Machucando-os, ferindo-os, acariciando-os, dividindo-os – um demônio respirando, inspirando, expirando. Dando a eles um gostinho, mostrando um pouco de como era.
Será que os outros sabiam o que estava acontecendo? O que você estava fazendo? É possível. Mas ali em pé, tão perto das chamas, como poderia dizer? Tudo o que sentiam era o calor e a luz e o cheiro. Mas, se conseguissem ficar a uma boa distância, poderiam olhar para as sombras e então talvez conseguissem ver. Ver as sombras dentro das sombras, os tons cinza misturados aos pretos, as figuras espectrais sem rosto ou forma que olham de volta pra eles...


Você arrastaria o arco contra as cordas da guitarra, proferindo suas maldições, e eles o amavam por causa disso, caramba, como amavam, seu braço direito erguido, a varinha, seu corpo inclinado para fazer como um gancho, todo o seu ser ligado à coluna de luz que emanava do palco, subindo em espiral, como escuras, profundas, transformando-se em uma torre de degraus, que você os convida a subir, um a um, seguindo vvocê, o flautista. Para cima, para cima, para cima... a escada... para...



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